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terça-feira, 3 de novembro de 2015

GÊNEROS LITERÁRIOS - PARTE 2



GÊNERO ÉPICO OU NARRATIVO

·        ÉPICO

O adjetivo épico vem do grego epikós, que significa atitude heroica. 

O gênero épico, por excelência, é a epopeia (uma longa narrativa em versos, que ressalta as excelentes qualidades de um herói, protagonista de fatos históricos ou maravilhosos.

Considera-se que, as obras épicas mais importantes para a literatura ocidental são a Ilíada e a Odisséia, que surgiram por volta do século VIII a.C e cuja autoria é atribuída a Homero.

Supõe-se que, tanto a Ilíada quanto a Odisséia tenham se originado de cantos populares e declamações em festivais religiosos.
A estrutura  dos poemas homéricos serviu de base para outros épicos, como a Eneida, de Virgílio e os Lusíadas de Camões.
Por esse motivo, a Ilíada e a Odisséia são considerados poemas épicos clássicos ou primários.
Todos os que se inspiraram neles são considerados de imitação ou secundários.

As epopeias são poemas de forma fixa, geralmente em versos de tamanhos regulares (de dez ou doze sílabas) e em estrofes grandes (geralmente de oito ou dez versos).

Dividem-se em cinco partes:

·         Exórdio ou Proposição: uma introdução em que são apresentados o herói e o tema;
·         Invocação: um pedido de inspiração às musas da poesia;
·         Dedicatória: o poema é dedicado a alguém (um rei, um protetor, um povo);
·         Narração: os fatos são narrados com ênfase nas peripécias do herói e nos acontecimentos históricos. É a parte mais ampla da epopeia;
·         Epílogo: fechamento da epopeia, geralmente com a consagração dos heróis.


·         NARRATIVO

O gênero narrativo é o relato de um enredo, que pode ser baseado em fatos reais ou ficção. Nesse gênero, os fatos ocorrem em sequência e sua principal característica estrutural é a presença de um início, um clímax e um desfecho.

Romance: apresenta uma história completa, com temporalidade, ambientação e personagens claramente definidos. Uma descrição longa das ações e sentimentos de personagens fictícios.
Exemplo:  O Ateneu, de Raul Pompéia

Fábula: texto de caráter fantástico que não guarda nenhum compromisso com a realidade e ser inverossímil além de fundir dois elementos principais: o lúdico e o pedagógico. É comum os personagens serem animais ou objetos.
Exemplo:  O Leão e o Rato, de Jean de La Fontaine

Novela: texto narrativo mais curto que o romance e mais longo que o conto. O personagem se caracteriza existencialmente em poucas situações.
Exemplo:  O Alienista, de Machado de Assis

Conto:  texto de ficção breve, narrado na 3ª pessoa, geralmente em prosa, caracterizado pela densidade e concisão, que conta situações rotineiras, por personagens previamente retratados.
Exemplo:  Uma Galinha, de Clarice Lispector

Crônica: o termo crônica vem do grego chronos, que significa tempo. Trata-se de uma narrativa informal, que procura captar um flagrante da vida cotidiana, com linguagem breve e um toque de humor. É considerado um gênero menor pois oscila entre a literatura e o jornalismo.
Exemplo:  A Pipoca, de Rubem Alves

Ensaio: texto literário breve, situado entre o poético e o didático, expondo ideias, críticas, reflexões morais e filosóficas a respeito de certo tema. É menos formal e mais flexível que o tratado. Consiste também na defesa de um ponto de vista pessoal e subjetivo sobre um dado tema, sem que se paute em formalidades como documentos, provas empíricas ou dedutivas, de caráter científico.
Exemplo:  Ensaio Acerca do Entendimento Humano, de John Locke


GÊNEROS LITERÁRIOS - PARTE 1




Toda organização que cerca os gêneros literários no formato que hoje temos vem de “ARTE POÉTICA”, de Aristóteles, (335 a.C – 323 a.C).






O Gênero é a maneira como a mensagem literária é veiculada.
Quanto à forma, a obra literária pode ser expressa em poesia ou em prosa.
A poesia apresenta uma linguagem mais cifrada e mais econômica enquanto a prosa tem uma organização espacial não simétrica, um texto “corrido”.
Quanto ao conteúdo, de acordo com a concepção clássica de Aristóteles (Arte Poética), os gêneros se dividem em três categorias básicas: lírico, dramático e épico ou narrativo.



GÊNERO LÍRICO

O termo lírico vem de “lira”, um instrumento musical parecido com uma pequena harpa, tocado para acompanhar a declamação de poemas.
O gênero lírico traduz a manifestação do eu, de sentimentos pessoais, uma forma de atender aos anseios humanos, expressa sentimentos e emoções.
Dessa forma, a principal característica desse gênero é a subjetividade. Por meio da poesia o autor extravasa emoções e sentimentos através de uma expressão verbal, rítmica e melodiosa.
No texto lírico há predominância de pronomes e verbos na 1ª pessoa e a exploração da musicalidade das palavras.

Exemplo:  Luís Vaz de Camões (1524 – 1580) é o maior poeta lírico do Classicismo português e o Soneto é uma das mais complexas composições líricas de forma fixa (14 versos, distribuídos em 2 quartetos > estrofe com 4 versos e 2 tercetos > estrofe com 3 versos).
Desde que a forma lírica foi criada, surgiram algumas estruturas para compor os poemas e algumas se tornaram mais conhecidas ao longo dos séculos.

São elas:
·         Elegia: poema surgido na Grécia Antiga que trata de acontecimentos tristes, enfocando a morte de um ente querido ou de uma personalidade pública;
     Exemplo:  Cântico do Calvário (Fagundes Varela)

·         Écloga ou Idílio: poema pastoril que retrata a vida bucólica dos pastores dos séculos XVI e XVII;
Exemplo:  Écloga IV (Virgílio)

·         Ode: também originado na Grécia Antiga, exalta valores nobres e caracteriza-se pelo tom de louvação;
Exemplo:  Ode ao Gato (Pablo Neruda)

·         Sonetos: a mais conhecida das formas líricas. Poema formado por 14 versos, organizados em 2 estrofes de 4 versos e 2 estrofes de 3 versos.
Exemplo: Soneto 19 (Camões)

·         Hino: exalta ou glorifica um tema ( País, religião, cidade, clube );
Exemplo: Hino Nacional Brasileiro (Joaquim Osório Duque Estrada)

·         Haicai: poesia japonesa sem rima, constituída normalmente por 3 versos, com aproximadamente 17 sílabas
Exemplo:  Rio do Mistério (Paulo Leminski)

·         Epitalâmio: poema lírico feito em homenagem às núpcias de alguém.
Exemplo:  Epitalâmio Bárbaro  (Ruben Darío)


GÊNERO DRAMÁTICO

O drama é a obra literária em prosa ou poesia feita para representação.
Segundo Aristóteles, o termo drama faz referência ao fato de, nesses textos, as pessoas serem representadas “em ação”.
O gênero dramático, na Grécia Antiga, desenvolveu-se por meio de duas modalidades:

·         Tragédia: Aristóteles estabelece que as tragédias desenvolvem certos temas como as paixões humanas e os conflitos por ela desencadeados, levando os seres humanos a se portarem de modo violento ou irracional, ignorando, dessa forma, as leis humanas ou divinas que organizam e gerenciam a vida. Esclarece ainda, que o objetivo de uma encenação de uma tragédia é desencadear, no público, terror ou piedade, em alguma medida. E, a “purificação” de sentimentos da plateia, provocada por essa experiência estética, recebeu o nome de catarse.
Exemplo:  Hamlet (William Shakespeare)

·         Comédia: A origem da comédia é a mesma da tragédia, ou seja, os festivais realizados em homenagem a Dionísio, deus grego com equivalência ao deus romano Baco (deus das festas e do vinho).
Na comédia, através de poemas jocosos, os autores satirizavam personalidade e acontecimentos da vida pública, enquanto havia democracia. Após a derrota de Atenas para Esparta, na Guerra do Peloponeso, passaram a satirizar episódios cotidianos e pessoas comuns. Enquanto na tragédia os temas abordados são sérios e apoiados na mitologia (deuses e semideuses), na comédia prevalece a leveza e a alegria e os personagens são seres humanos e reais.
Exemplo:  O Misantropo (Menandro)

O gênero dramático, na Idade Média, manifesta-se através de duas modalidades:

·         Auto: trata-se de uma peça curta, de cunho religioso, onde os personagens representavam conceitos abstratos, como a bondade, a virtude, a hipocrisia, o pecado, a gula, a luxúria, etc. Isso fazia, então, que o auto tivesse um conteúdo fortemente simbólico e moralizante. 
      Exemplo:  Auto da Barca do Inferno (Gil Vicente)

·         Farsa: também uma peça pequena, no entanto com conteúdo que envolvia situações ridículas ou grotescas, tendo como intenção a crítica aos costumes.

Exemplo:  A Farsa de Inês Pereira (Gil Vicente)

LITERATURA ENQUANTO ARTE



Por definição, literatura (s.f.) é a arte de compor ou escrever trabalhos artísticos em verso ou em prosa. É o conjunto de trabalhos literários de um país ou de uma época.
O texto literário é uma representação do real, feita com palavras. Texto é algo que pode ser lido e interpretado dentro de um contexto de realidade.
Como toda obra de arte é uma representação da realidade, temos aí a inclusão da literatura no contexto de arte.



Johannes Hessen (filósofo e teólogo católico alemão), (1889-1971), que discutiu a Teoria do Conhecimento à luz da Fenomenologia, disse que a literatura é uma forma ou tipo de conhecimento, como as demais artes, religiões ou as ciências. Disse que é um tipo de conhecimento que consiste em captar o mundo e depois transmití-lo, comunicá-lo, ajudando o leitor a compreender melhor. Segundo ele o artista, na figura de escritor, fantasia, imagina e elabora uma outra realidade. Ele imita a realidade, mas a devolve, na obra, como se fosse nova.

Aristóteles (384 – 322 a.C) já dizia que imitar, representar, criar imagens é natural do ser humano, que é uma forma de experimentar o universo.
O escritor, na figura de um artista, sempre está inserido em um determinado tempo, em uma determinada cultura, com sua história e tradições e, a partir daí sua obra literária será sempre, em certa medida, a expressão de sua época e de sua cultura.

A literatura tem suas funções:

Ela nos faz sonhar. Os textos têm o poder de transportar o leitor, provocar alegria ou tristeza, divertir ou emocionar. A literatura nos oferece uma oportunidade de  descanso dos problemas cotidianos, quando nos descortina o espaço do sonho e da fantasia.

Ela provoca nossa reflexão. Sem dúvida que uma das formas de se exercer a indignação é através da literatura. Por mais que ela, por si só não tenha o poder de modificar a realidade, certamente é capaz de fazer com que as pessoas reavaliem a própria vida e mudem de comportamento.

A literatura diverte. Os leitores que embarcam nas aventuras propostas pelos livros sabem que, aconteça o que acontecer, terão sempre consigo a memória das emoções sentidas em cada uma de suas jornadas literárias.

A literatura nos ajuda a construir a nossa realidade. Através dos textos literários temos chance de compreender melhor nosso tempo. Como leitores, interagimos com o que lemos. Somos tocados pelas experiências de leituras que, muitas vezes, evocam vivências pessoais e nos ajudam a refletir sobre nossa identidade e também construí-la.

A literatura nos ensina a viver. A literatura acaba por nos oferecer possibilidades de resposta a indagações comuns a todos os seres humanos. Através da literatura esperamos encontrar, em algumas de suas manifestações, uma resposta que dê sentido à nossa existência, que nos ajude a compreender um pouco mais sobre nós mesmos.

A literatura denuncia a realidade. Através da contextualização social, política, esportiva, cultural e econômica, a literatura nos permite desenvolver uma melhor consciência política e social. Permite que participemos de nossa própria história. De nossa própria realidade.

Para que o mundo literário ganhe vida, precisamos habitá-lo, ou seja, temos que aceitar o convite feito pelo autor para entrarmos, sem medo, nos bosques criados pela ficção. Todo texto estabelece um pacto de credibilidade com seus possíveis leitores: caso eles aceitem as condições que regem o mundo ficcional ali apresentado, esse mundo fará sentido.