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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013
OBRA: “ O Colecionador de Lágrimas “
Origem da literatura: Brasileira
Editora, Data da publicação, Páginas: Ed.
Planeta, 2012, 366 Páginas
Descrição da estrutura: Obra dividida em 23 capítulos, num total de
366 páginas.
Personagens: Júlio
Verne ( professor universitário ), Katherine ( sua mulher ), Dr.James Klerk ( sogro de Júlio ), Helen
( sogra de Júlio ), Billy ( inspector de polícia ), Max Ruppert ( Reitor da Universidade
), Antony ( pró-reitor acadêmico ), Michael ( coordenador do curso de Direito ),
Paul ( professor e desafeto de Júlio ), os melhores alunos, Evelyn, Lucas, Peter,
Gilbert, Débora, Elizabeth.
Obra:
Um professor universitário, chamado Júlio Verne, especialista em II
Guerra Mundial, tinha profundo prazer em ensinar. Era adepto do ensino provocativo,
estimulador, desafiador, o que nem sempre agradava, mas conseguiu cativar
alunos-admiradores em número expressivo.
De família judia, casa-se com uma cristã,
Kathe, mas convivem sob um mútuo respeito no que se refere às suas convicções
religiosas.
Em dado momento, Júlio passa a ter terríveis pesadelos, em
que fazia parte do exército nazista e participa, de certa forma, do extermínio dos seus pares
judeus, tendo sempre uma postura omissa, ou pelo menos nada combativa para que
cada morte pudesse ser evitada. Essa posição omissiva e covarde muito o atormenta.
Os pesadelos tornam-se cada vez mais frequentes e sua
resistência emocional e física torna-se cada vez menor em contraste com sua vontade de
ensinar e estimular seus alunos a pensar, a refletir, a serem críticos.
Suas aulas pouco convencionais desagradam alguns alunos,
desagrada muito a reitoria, pois passa a ser, de certa forma, a estrela da universidade,
tanto que alunos de qualquer curso faziam questão de assistir as suas aulas e até mesmo
de outras universidades.
Júlio passa a sofrer atentados, sua vida e a de sua mulher corre
sério risco, passam a viver sob forte proteção policial, é suspeito de estar
sofrendo de sérios problemas mentais, pelo fato de literalmente viver a
realidade dos seus pesadelos durante a II Guerra. Suas aulas servem para expor
e interpretar a personalidade de Adolf Hitler e tentar justificar suas ações e
sua capacidade de persuasão frente a um povo de tamanha cultura.
Estimula a pensar. Como foi possível um indivíduo
intelectualmente frágil, rude, pouco lapidado, um forasteiro, ter sido capaz de persuadir o povo
alemão, que era tido como o mais diferenciado culturalmente na Europa da época.
Em dado momento, Júlio é procurado por um grupo que lhe traz
a explicação de todos os seus transtornos e a solução para que se livre dessa
situação complicadíssima. Alegam terem conseguido construir uma máquina do
tempo que lhe dará condições de viajar até o período da II Guerra e anular as
ações de Adolf Hitler. Isso resolveria o impasse de sua vida estar em xeque e faria com que a história tivesse novos
rumos, sem a tragédia do holocausto.
Opinião:
Por se tratar de um romance histórico,
tem grande valor por trazer informação a público de um importante período da
história mundial, pouco conhecido por muitos.
Esse livro, claramente, foi resultado de uma árdua pesquisa e de muito estudo
pessoal por parte do autor para expor da forma mais didática possível,
informações valiosas sobre o período do holocausto.
A construção
da evolução da II Guerra em cima da criação de um personagem, professor de
história é bem criativa e expõe um estudo refinado da personalidade de Adolf Hitler,
de modo que nos ajuda a compreender como uma pessoa de modos pouco elaborados e de formação
acadêmica tão pobre pode dominar as mais diferenciadas camadas sociais da Alemanha
cultural de meados do século 20.
Pessoalmente
considero que o livro teve um desenrolar muito bom até o capítulo 20, sendo que a
partir daí, o desenlace do grande problema que Júlio Verne conquistou, trouxe
problemas ao autor. Este encontrou uma maneira muito desvinculada de tudo que
abordou até o capítulo 19 para finalizar a obra, o que a fez perder parte do
seu encanto, mas não o seu valor.
Informações relevantes: Aqui, descreverei informações e
dados que são interessantes para sedimentar o conhecimento trazido por esse
livro sobre esse período.
Hoje, existe um Museu do
Holocausto na Polônia, na região da Cracóvia, onde foram construídos os 3 campos de
concentração de Auschvitz, sendo o número 2 o mais terrível deles (
Auschvitz-Birkenau ).
A idéia de contrução de campos de
extermínio vem da lembrança dos primeiros campos da história, nessa modalidade,
construídos pela Inglaterra, na África do Sul, durante a Guerra dos Bôeres ( 1899 – 1902 ).
Os principais campos de
concentração ( de extermínio ) construídos na época foram Auschivitz-Birkenau, Belzec,
Sobibór, Majdanek e Treblinka. Todos eles usavam como gás um pesticida à base de cianeto
chamado Zyklon B, que causava asfixia, vômitos incoercíveis e diarreia intensa.
É sabido que a Alemanha foi berço
de grandes pensadores como Kant, Hegel, Schopenhauer, Karl Marx, Nietzsche e
Max Weber.
Hitler queria a todo custo
inaugurar o III Reich ( Império Alemão ) e tornar-se seu Führer ( guia,
condutor, chefe ).
O I Reich fora o Santo Império
Romano-Germânico, entre 926 e 1826, já o II Reich fora criado após a unificação da
Alemanha, entre 1871 e 1918.
Hitler criou a insígnia, que depois foi o
símbolo do Partido Nacional-Socilaista ( Nazismo ), já em 1923, dez anos antes de
assumir a chancelaria alemã.
Assume o comando alemão em 10 de
Janeiro de 1933 ( há 80 anos ) e dois episódios culturais foram determinantes para lapidar suas
pretensões destrutivas e exterminadoras, isso de acordo com sua interpretação.
A Ópera Rienzi, de Richard Wagner, composta
entre 1837 e 1840 e o filme Der Tunnel, de Bernhard Kellerman, de 1933.
A sequencia de atrocidades
inicia-se, formalmente a partir daí.
Hitler tinha aos seus pés a SS (
Schutzstaffel ), sua Tropa de Proteção e a Gestapo ( Geheime Staatspolizei ), a
Polícia Secreta do Estado.
Tinha ainda, 12 “apóstolos”,
Heinrich Himmler, Goebbels, Hermann Hess, Göring, Rosenberg, Ribbentrop,
Schirach, Streich, Frick, Fünk, Ley e Brauchitsch e teve até a sua derrota a
sua maior aliada, sua psicopatia.
A pergunta que mais se faz. Como
esse homem limitado conseguiu dominar um celeiro cultural como a Alemanha?
A resposta vem de uma
“conspiração” de fatores que se associam, beneficiam e alimentam psicopatia
de Hitler.
Sim, Adolf Hitler não
era um psicótico e sim um psicopata.
O psicótico perde a noção da
realidade e não tem consciência dos seus atos, nem capacidade para discernir as
consequências do seu comportamento, já o psicopata tem plena consciência da consequência do que faz e pode ser responsabilizado por cada ato.
Particularmente, por sua
virulência e poder de destruição social, a psicopatia de Hitler ganha contornos de sociopatia.
Dentro dessa psicopatia, há
características que desenvolvem uma necessidade neurótica de poder e de
evidência social, com grande capacidade de dominar as massas.
Agora, atrelado à sua doença
mental, o momento vivido pela Alemanha no pós I Guerra Mundial foi decisivo para os
planos de Hitler.
A Alemanha passou por um enorme
vexame ao perder a guerra e sofria com as pesadas indenizações impostas pelo Tratado
de Versalhes, que ajudou a levar o país à beira da falência.
A partir daí, a
inflação galopante, desemprego em massa, falta de liderança nacional, falta de perspectiva de
melhora num longo prazo.
Esse cenário fazia com que o instinto de sobrevivência fosse
muito maior que a consciência crítica que deveriam ter.
É isso que aconteceu, Hitler
“ataca” a Alemanha quando sua imunidade psíquica está em baixa, como vírus oportunista num
organismo debilitado.
Soma-se a isso o seu comportamento
eletrizante que sedimentava seu magnetismo social, que se baseia nas características
abaixo:
- voz teatral e imponente nos seus
discursos, - supervalorização da crise social e econômica, - propagava
continuamente uma ameaça comunista, - lembrava a todo tempo da forma como a Alemanha fora
humilhada na I Guerra, instigando o ódio alemão, - criou dois inimigos mortais para
a Alemanha, a serem combatidos a qualquer custo, os marxistas e os judeus, - promoveu
o valor de uma raça ariana para recuperar a auto-estima do povo alemão puro, - exaltava o nacionalismo e o valor de
origens humildes, - verborreia, uma necessidade
neurótica de falar e convencer por longos discursos.
Citações de “ O Colecionador de Lágrimas
“:
“ ... a violência não é produzida
apenas por seus patrocinadores, mas também pelos que se calam sobre ela ... “
“ ... ser resolvido não quer dizer
não sentir culpa. A culpa é um raciocínio complexo, de importância vital para
reconhecer erros e corrigir rotas. Se for bem trabalhada, é uma brilhante ferramentaa para
desenvolver a maturidade ... “
“ ... a angústia é uma masmorra
emocional, que nos asfixia ao ar livre ... “
“ ... se as derrotas não fizerem
um homem cair, dê-lhe muito sucesso, que, embriagado com ele, cairá ... “
“ ... ousadia não é falta de medo,
mas a capacidade de dominá-lo ... “
“ ... é melhor o som da insensatez
do que o silêncio da timidez ... “
“ ... quando o preço da liberdade
é mais alto do que o preço do seu salário, a única saída é se demitir ... “
Data da resenha: 28 de
Fevereiro de 2013.
Autor da resenha: Márcio
A. S. Ferraz
Local: Alameda das Paineiras, 60 -
Itapevi – S.P
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