Toda organização que cerca os gêneros literários no formato
que hoje temos vem de “ARTE POÉTICA”, de
Aristóteles, (335 a.C – 323 a.C).
O Gênero é a maneira como a
mensagem literária é veiculada.
Quanto
à forma, a obra literária
pode ser expressa em poesia ou em prosa.
A poesia apresenta uma linguagem mais cifrada e mais econômica
enquanto a prosa tem uma organização espacial não simétrica, um texto
“corrido”.
Quanto ao conteúdo,
de acordo com a concepção clássica de Aristóteles (Arte Poética), os gêneros se
dividem em três categorias básicas: lírico,
dramático e épico ou narrativo.
GÊNERO LÍRICO
O termo lírico vem de “lira”, um instrumento musical parecido com
uma pequena harpa, tocado para acompanhar a declamação de poemas.
O gênero lírico traduz a manifestação do eu, de sentimentos pessoais, uma forma de atender aos anseios
humanos, expressa sentimentos e emoções.
Dessa forma, a principal característica desse gênero é a
subjetividade. Por meio da poesia o autor extravasa emoções e sentimentos
através de uma expressão verbal, rítmica e melodiosa.
No texto lírico há predominância de pronomes e verbos na 1ª pessoa
e a exploração da musicalidade das palavras.
Exemplo: Luís Vaz de Camões (1524 – 1580) é o
maior poeta lírico do Classicismo português e o Soneto é uma das mais complexas composições líricas de forma fixa (14
versos, distribuídos em 2 quartetos > estrofe com 4 versos e 2 tercetos >
estrofe com 3 versos).
Desde que a forma lírica foi criada, surgiram algumas estruturas
para compor os poemas e algumas se tornaram mais conhecidas ao longo dos
séculos.
São elas:
·
Elegia: poema surgido na Grécia
Antiga que trata de acontecimentos tristes, enfocando a morte de um ente
querido ou de uma personalidade pública;
Exemplo: Cântico do Calvário (Fagundes Varela)
·
Écloga ou Idílio: poema
pastoril que retrata a vida bucólica dos pastores dos séculos XVI e XVII;
Exemplo: Écloga
IV (Virgílio)
·
Ode: também originado na Grécia
Antiga, exalta valores nobres e caracteriza-se pelo tom de louvação;
Exemplo: Ode ao Gato (Pablo Neruda)
·
Sonetos: a mais conhecida das formas
líricas. Poema formado por 14 versos, organizados em 2 estrofes de 4 versos e 2
estrofes de 3 versos.
Exemplo: Soneto 19 (Camões)
·
Hino: exalta ou glorifica um tema
( País, religião, cidade, clube );
Exemplo: Hino Nacional Brasileiro (Joaquim Osório Duque Estrada)
·
Haicai: poesia japonesa sem rima,
constituída normalmente por 3 versos, com aproximadamente 17 sílabas
Exemplo: Rio do Mistério (Paulo Leminski)
·
Epitalâmio: poema lírico feito em
homenagem às núpcias de alguém.
Exemplo: Epitalâmio
Bárbaro (Ruben Darío)
GÊNERO DRAMÁTICO
O drama é a obra literária em prosa ou poesia feita para
representação.
Segundo Aristóteles, o termo drama faz referência ao fato de,
nesses textos, as pessoas serem representadas “em ação”.
O gênero dramático, na Grécia Antiga, desenvolveu-se por meio de
duas modalidades:
·
Tragédia: Aristóteles estabelece que
as tragédias desenvolvem certos temas como as paixões humanas e os conflitos
por ela desencadeados, levando os seres humanos a se portarem de modo violento
ou irracional, ignorando, dessa forma, as leis humanas ou divinas que organizam
e gerenciam a vida. Esclarece ainda, que o objetivo de uma encenação de uma
tragédia é desencadear, no público, terror ou piedade, em alguma medida. E, a
“purificação” de sentimentos da plateia, provocada por essa experiência
estética, recebeu o nome de catarse.
Exemplo: Hamlet
(William Shakespeare)
·
Comédia: A origem da comédia é a
mesma da tragédia, ou seja, os festivais realizados em homenagem a Dionísio,
deus grego com equivalência ao deus romano Baco (deus das festas e do vinho).
Na comédia, através de poemas jocosos, os autores satirizavam
personalidade e acontecimentos da vida pública, enquanto havia democracia. Após
a derrota de Atenas para Esparta, na Guerra do Peloponeso, passaram a satirizar
episódios cotidianos e pessoas comuns. Enquanto na tragédia os temas abordados
são sérios e apoiados na mitologia (deuses e semideuses), na comédia prevalece
a leveza e a alegria e os personagens são seres humanos e reais.
Exemplo: O Misantropo (Menandro)
O gênero dramático, na Idade Média, manifesta-se através de duas
modalidades:
·
Auto: trata-se de uma peça curta,
de cunho religioso, onde os personagens representavam conceitos abstratos, como
a bondade, a virtude, a hipocrisia, o pecado, a gula, a luxúria, etc. Isso
fazia, então, que o auto tivesse um conteúdo fortemente simbólico e
moralizante.
Exemplo: Auto da
Barca do Inferno (Gil Vicente)
·
Farsa: também uma peça pequena, no
entanto com conteúdo que envolvia situações ridículas ou grotescas, tendo como
intenção a crítica aos costumes.
Exemplo: A Farsa de Inês Pereira (Gil Vicente)
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