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terça-feira, 3 de novembro de 2015

GÊNEROS LITERÁRIOS - PARTE 1




Toda organização que cerca os gêneros literários no formato que hoje temos vem de “ARTE POÉTICA”, de Aristóteles, (335 a.C – 323 a.C).






O Gênero é a maneira como a mensagem literária é veiculada.
Quanto à forma, a obra literária pode ser expressa em poesia ou em prosa.
A poesia apresenta uma linguagem mais cifrada e mais econômica enquanto a prosa tem uma organização espacial não simétrica, um texto “corrido”.
Quanto ao conteúdo, de acordo com a concepção clássica de Aristóteles (Arte Poética), os gêneros se dividem em três categorias básicas: lírico, dramático e épico ou narrativo.



GÊNERO LÍRICO

O termo lírico vem de “lira”, um instrumento musical parecido com uma pequena harpa, tocado para acompanhar a declamação de poemas.
O gênero lírico traduz a manifestação do eu, de sentimentos pessoais, uma forma de atender aos anseios humanos, expressa sentimentos e emoções.
Dessa forma, a principal característica desse gênero é a subjetividade. Por meio da poesia o autor extravasa emoções e sentimentos através de uma expressão verbal, rítmica e melodiosa.
No texto lírico há predominância de pronomes e verbos na 1ª pessoa e a exploração da musicalidade das palavras.

Exemplo:  Luís Vaz de Camões (1524 – 1580) é o maior poeta lírico do Classicismo português e o Soneto é uma das mais complexas composições líricas de forma fixa (14 versos, distribuídos em 2 quartetos > estrofe com 4 versos e 2 tercetos > estrofe com 3 versos).
Desde que a forma lírica foi criada, surgiram algumas estruturas para compor os poemas e algumas se tornaram mais conhecidas ao longo dos séculos.

São elas:
·         Elegia: poema surgido na Grécia Antiga que trata de acontecimentos tristes, enfocando a morte de um ente querido ou de uma personalidade pública;
     Exemplo:  Cântico do Calvário (Fagundes Varela)

·         Écloga ou Idílio: poema pastoril que retrata a vida bucólica dos pastores dos séculos XVI e XVII;
Exemplo:  Écloga IV (Virgílio)

·         Ode: também originado na Grécia Antiga, exalta valores nobres e caracteriza-se pelo tom de louvação;
Exemplo:  Ode ao Gato (Pablo Neruda)

·         Sonetos: a mais conhecida das formas líricas. Poema formado por 14 versos, organizados em 2 estrofes de 4 versos e 2 estrofes de 3 versos.
Exemplo: Soneto 19 (Camões)

·         Hino: exalta ou glorifica um tema ( País, religião, cidade, clube );
Exemplo: Hino Nacional Brasileiro (Joaquim Osório Duque Estrada)

·         Haicai: poesia japonesa sem rima, constituída normalmente por 3 versos, com aproximadamente 17 sílabas
Exemplo:  Rio do Mistério (Paulo Leminski)

·         Epitalâmio: poema lírico feito em homenagem às núpcias de alguém.
Exemplo:  Epitalâmio Bárbaro  (Ruben Darío)


GÊNERO DRAMÁTICO

O drama é a obra literária em prosa ou poesia feita para representação.
Segundo Aristóteles, o termo drama faz referência ao fato de, nesses textos, as pessoas serem representadas “em ação”.
O gênero dramático, na Grécia Antiga, desenvolveu-se por meio de duas modalidades:

·         Tragédia: Aristóteles estabelece que as tragédias desenvolvem certos temas como as paixões humanas e os conflitos por ela desencadeados, levando os seres humanos a se portarem de modo violento ou irracional, ignorando, dessa forma, as leis humanas ou divinas que organizam e gerenciam a vida. Esclarece ainda, que o objetivo de uma encenação de uma tragédia é desencadear, no público, terror ou piedade, em alguma medida. E, a “purificação” de sentimentos da plateia, provocada por essa experiência estética, recebeu o nome de catarse.
Exemplo:  Hamlet (William Shakespeare)

·         Comédia: A origem da comédia é a mesma da tragédia, ou seja, os festivais realizados em homenagem a Dionísio, deus grego com equivalência ao deus romano Baco (deus das festas e do vinho).
Na comédia, através de poemas jocosos, os autores satirizavam personalidade e acontecimentos da vida pública, enquanto havia democracia. Após a derrota de Atenas para Esparta, na Guerra do Peloponeso, passaram a satirizar episódios cotidianos e pessoas comuns. Enquanto na tragédia os temas abordados são sérios e apoiados na mitologia (deuses e semideuses), na comédia prevalece a leveza e a alegria e os personagens são seres humanos e reais.
Exemplo:  O Misantropo (Menandro)

O gênero dramático, na Idade Média, manifesta-se através de duas modalidades:

·         Auto: trata-se de uma peça curta, de cunho religioso, onde os personagens representavam conceitos abstratos, como a bondade, a virtude, a hipocrisia, o pecado, a gula, a luxúria, etc. Isso fazia, então, que o auto tivesse um conteúdo fortemente simbólico e moralizante. 
      Exemplo:  Auto da Barca do Inferno (Gil Vicente)

·         Farsa: também uma peça pequena, no entanto com conteúdo que envolvia situações ridículas ou grotescas, tendo como intenção a crítica aos costumes.

Exemplo:  A Farsa de Inês Pereira (Gil Vicente)

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