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domingo, 26 de junho de 2011

OBRA:    “ Triste Fim de Policarpo Quaresma “


Autor:  Lima Barreto

Origem da literatura:   Brasileira ( Pré- Modernismo ).

Editora, Data da publicação, Páginas:  Ed. MEDIAfashion,  2008,  255 páginas.   

Descrição da estrutura:  Obra dividida em 3 partes, cada parte com 5 capítulos, num total de 255 páginas.


Personagens:  Major Policarpo Quaresma, Adelaide ( irmã de Quaresma ), Ricardo Coração dos Outros ( seresteiro ), Olga ( afilhada de Quaresma ), Gal.Albernaz,Genelício, Almirante Caldas, Cel. Bustamante, Ismênia ( filha do Gal. Albernaz ), Presidente Marechal Floriano Peixoto. 

Obra:  Policarpo Quaresma é um funcionário público, subsecretário do Arsenal de Guerra, morador do bairro de São Januário, cidade do Rio de Janeiro, que leva a vida de forma tão burocrática quanto o exercício do seu trabalho.
Indivíduo ultra-nacionalista que defende toda e qualquer causa nacional de forma exuberante e apaixonada.
Esse livro tem como pano de fundo uma visão inconformada de Lima Barreto com a sociedade suburbana carioca, que é tida como presunçosa e parasitária, além de expor o dinamismo da situação política do Brasil, mais especificamente a recém proclamada República, com toda sua instabilidade de primeiros tempos.
Nitidamente consegue-se identificar o livro em três partes características.
A primeira parte identifica o burocrata exemplar, estudioso das coisas do Brasil, do folclore, de geografia local, cultura brasileira, enfim, considerava que o Brasil poderia tornar-se melhor através do conhecimento profundo de suas verdadeiras raízes, de suas verdadeiras riquezas.
Nessa fase comete alguns excessos como, por exemplo, propor ao Congresso Nacional que estabeleça o tupi-guarani como nosso idioma oficial. Fato esse que o expôs de talforma de todos passam a ridicularizá-lo. O auge desses deslumbres acontece quando envia, sem intenção, um ofício a um superior do Arsenal de Guerra, escrito em tupi- guarani.
O resultado desse deslize foi a internação em uma clínica psiquiátrica e mais adiante sua aposentadoria por invalidez.
Esses eventos levam ao início da segunda parte do livro, surgindo um Quaresma desiludido e inconformado com as incompreensões tanto em sua própria casa quanto na repartição. Resolve morar no campo e dedicar-se ao conhecimento da agricultura e das questões agrárias a serem remodeladas no Brasil de início de século. Compra um sítio em Curuzu, interior do Rio de Janeiro, chamado Sossego.
Através dos estudos, empenha-se na reforma da agricultura brasileira e no combate às vorazes saúvas. No entanto, mais uma vez, mantém-se distante da realidade e pouco eficaz em seus legítimos propósitos, sendo derrotado pelo clientelismo e fraudes políticas repetidas e pelo exército de saúvas que atacavam seus plantios de milho e feijão.
A obra culmina com a terceira parte, onde há uma exacerbação à sátira política.
Quaresma, ainda no seu sítio Sossego, fica sabendo da revolta da Marinha contra o presidente Marechal Floriano Peixoto, a Revolta da Armada e decide deixar a batalha rural e alista-se para o combate em defesa de Floriano.
O tempo passa e após quatro meses de batalha, Quaresma passa a questionar se valeria a pena abandonar a tranquilidade do lar e arriscar-se por uma causa duvidosa e por um governante, que cada vez mais se mostrava pouco afeito às legítimas causas em defesa da transparência e valorização do Brasil puramente nacional.
Ao término da revolta, é designado com carcereiro na ilha das Enxadas, onde presencia uma ação injusta e arbitrária por parte de um membro do governo, que escolhe sem critérios indivíduos para serem executados.
Policarpo, indignado, escreve uma carta a Floriano, descrevendo e denunciando a atrocidade que havia presenciado, por um membro do seu governo.
O resultado foi trágico. Quaresma foi interpretado como um traidor e levado à ilha das Cobras, sendo condenado à morte.
Esse, o triste fim do Major Quaresma.


Opinião:  A obra, inicialmente, aborda o nacionalismo que talvez fosse necessárioa cada indivíduo para que houvesse um alicerce de transformação consistente na já deformada sociedade brasileira.
Consegue-se perceber a força que os interesses e propósitos alheios ao bem-estar geral tem e como é difícil se contrapor a essa rotina costumeira, vista com muita clareza na sociedade de hoje, início de século novo.
O idealismo e a atuação impositiva que se confronta com interesses contrários pode gerar conseqüências pouco agradáveis. Difícil lutar, por mais digna que seja a causa,contra o poder público, contra o poder da arbitrariedade, contra o poder militar, contra o interesse e desvio de dignidade gerado pela força do dinheiro.
A analogia de Quaresma com Dom Quixote é sim pertinente.
O que comove é o despertar de Quaresma.
Foi, sua vida toda, um visionário. No momento em que se vê condenado à morte por ter se dedicado à pátria e ter se dedicado à correção de comportamento, busca qual o saldo prático de sua vida.
Surgem conflitos esmagadores. Vida sem conteúdo, sem produção efetiva, sem construção, sem partilha, sem doação a outra pessoa ou a qualquer outra causa nobre que gerasse resultado.
Policarpo chega à beira da morte com uma vida, em termos de resultados práticos, vazia e não deixando um legado a ser seguido.
Por isso, um triste fim.

Citações de “ Triste Fim de Policarpo Quaresma “:

“ ... não é só a morte que nivela: a loucura, o crime e a moléstia passam também a sua rasoura pelas distinções que inventamos ... “
“ ... a morte tem a virtude de ser brusca, de chocar, mas não corroer, como essas moléstias duradouras nas pessoas amadas; passado que é o choque, vai ficando em nós uma suave recordação de ente querido, uma boa fisionomia sempre presente aos nossos olhos ... “



  O Autor:  Lima Barreto



Data da resenha:     26 de Junho de 2011  

Autor da resenha:     Márcio A. S. Ferraz

Local:     Alameda das Paineiras, 60   -   Itapevi – S.P


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